Estava bem longe daqui
Cento e cinquenta cidades
Vinte por cento de desejo
O resto foi sorte.
Nunca saiu do lugar
Foi profundo, tanto.
Mostrou aos outros como são.
Estava sendo o seu externo.
Eterno, sem tamanho.
O mundo é tão pequeno.
As mesmas ruas
No tráfego do entendimento.
Os caminhos não tem fim.
Selvagem viagem sem selva
Pra lá e pra lá mais ainda
Pipoca bandeirante.
Mesa, cadeira, palavra.
Raiz.
Sempre aqui, sempre aqui.
28 de mar. de 2009
23 de mar. de 2009
No tempo
Numa noite
Acordado até tarde.
Entra pela porta
E chama por você.
Você mesmo.
Parado, pensando
Em não ir,
Em não voltar.
O que fez você
Se foi.
O que fará você
Se vai.
Entra pela porta
E leva.
Nada de você fica.
Nada de você se vai.
Nalgum momento,
Noite-espaço-tempo,
Encontra-se.
Você.
Sonho antes de dormir.
Acordado até tarde.
Entra pela porta
E chama por você.
Você mesmo.
Parado, pensando
Em não ir,
Em não voltar.
O que fez você
Se foi.
O que fará você
Se vai.
Entra pela porta
E leva.
Nada de você fica.
Nada de você se vai.
Nalgum momento,
Noite-espaço-tempo,
Encontra-se.
Você.
Sonho antes de dormir.
16 de mar. de 2009
Três momentos do espírito
Não pra ser frio,
Quente.
Sempre há possibilidade
de encontros,
de surpresas.
Ou ficar deitado ao sol.
Se estamos acostumados,
É por isso que, primeiro muda,
Depois cessa o comando
E se olha pros lados,
perdido, procurando.
Não a si, porque acha-se.
Mas ao mundo,
Porque abre-se.
Vive em quem vive.
Intenso e não tem cura.
É o homem.
Lá vai ele ao escritório.
Quente.
Sempre há possibilidade
de encontros,
de surpresas.
Ou ficar deitado ao sol.
Se estamos acostumados,
É por isso que, primeiro muda,
Depois cessa o comando
E se olha pros lados,
perdido, procurando.
Não a si, porque acha-se.
Mas ao mundo,
Porque abre-se.
Vive em quem vive.
Intenso e não tem cura.
É o homem.
Lá vai ele ao escritório.
11 de mar. de 2009
Molinum
Quem é moinho?
O moinho de vento
Aproveita
O vento oportuno.
O giro da hélice
Movimenta
O nó do mecanismo.
O embalo do peso
Acrescenta
O atrito da mó.
O produto feito
Apresenta
O aspecto do pó.
O pó do alimento
Sustenta
O ser que está só.
Moinhos são artistas.
O moinho de vento
Aproveita
O vento oportuno.
O giro da hélice
Movimenta
O nó do mecanismo.
O embalo do peso
Acrescenta
O atrito da mó.
O produto feito
Apresenta
O aspecto do pó.
O pó do alimento
Sustenta
O ser que está só.
Moinhos são artistas.
Delito
Bolinho de chocolate.
Caminha de espuma.
Tapetinho de lã.
Espelhinho redondo.
Uma mulher violentada.
Três gotas de sangue.
Uma maçã.
Enquanto chegavam,
Os policias
Limpavam as marcas de batom,
Tiravam o esmalte das unhas,
Escondiam a calcinha
Debaixo do cinturão.
Na saída, saiam sem saia.
Caminha de espuma.
Tapetinho de lã.
Espelhinho redondo.
Uma mulher violentada.
Três gotas de sangue.
Uma maçã.
Enquanto chegavam,
Os policias
Limpavam as marcas de batom,
Tiravam o esmalte das unhas,
Escondiam a calcinha
Debaixo do cinturão.
Na saída, saiam sem saia.
10 de mar. de 2009
Esse, pessoal
Pisava no chão
Sentia o peso do corpo.
Devagar.
Todos estavam passeando,
Levando suas mentes pra jantar.
Se visse que a comida estava lá,
O olho pegava e passava a esperar.
Precisava de tempo pra pensar.
Todos queriam achar o algo.
Manter o que sabiam na conserva.
Lotar o carrinho, encher a despensa.
Equilíbrio se perde quando se leva
Tantos embrulhos numa remessa.
Todos? Todos. Pagavam caro.
Ninguém tem que ver com isso.
Olhando pra fora sem motivo,
Confiando que o dente dá juízo.
Prende, que o animal está vivo.
O pessoal por aí tá procurando.
A gente aqui
Achou.
Sentia o peso do corpo.
Devagar.
Todos estavam passeando,
Levando suas mentes pra jantar.
Se visse que a comida estava lá,
O olho pegava e passava a esperar.
Precisava de tempo pra pensar.
Todos queriam achar o algo.
Manter o que sabiam na conserva.
Lotar o carrinho, encher a despensa.
Equilíbrio se perde quando se leva
Tantos embrulhos numa remessa.
Todos? Todos. Pagavam caro.
Ninguém tem que ver com isso.
Olhando pra fora sem motivo,
Confiando que o dente dá juízo.
Prende, que o animal está vivo.
O pessoal por aí tá procurando.
A gente aqui
Achou.
5 de mar. de 2009
Interligados
Liguei.
Liguei de novo.
Repito pra acertar da próxima vez.
É diferente o certo da tentativa.
No certo me sinto bem,
Na tentativa quero outra chance.
Nada de mal em continuar vivendo.
Mais uma pessoa conhecida morreu hoje.
Por isso continuo tentando.
Não desligo
De mim, de você,
De tanta gente.
Estamos todos neste isto:
Liga, desliga, tenta, desiste.
Até o fim.
O que somos, somos nós.
Liguei de novo.
Repito pra acertar da próxima vez.
É diferente o certo da tentativa.
No certo me sinto bem,
Na tentativa quero outra chance.
Nada de mal em continuar vivendo.
Mais uma pessoa conhecida morreu hoje.
Por isso continuo tentando.
Não desligo
De mim, de você,
De tanta gente.
Estamos todos neste isto:
Liga, desliga, tenta, desiste.
Até o fim.
O que somos, somos nós.
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