17 de mar. de 2010

Café e coragem

Um café,
Granola e pilhas.

Liga o radinho e vai lá.

Tem limpeza pra ser feita na casa toda.

Como naquele tempo
Quando morávamos no Barrerão
Tudo fica sujo o tempo todo
E a mão,
A mão limpa o que consegue.
O suor sulca a cara daquele tempo.

Hoje tudo que é novo está antigo.
A tevê de plasma não converte,
O celular não conecta o bluetooth.
O alarme do carro toca o tempo todo.
A mão,
A mão do homem estremece.

Toma café, toma granola,
Toma ração humana.

Toma cachaça, toma fernet,
Fuma cigarro, marijuana.

Cheira um pó, engole uma bala,
Toma daime, valeriana.

American juicer, acunpultura,
Pilates, ioga, Copacabana.

A mão treme.
Sem controle, continua temendo.