29 de jun. de 2010

O balão rosa e a vida

Um balão rosa furado
Estirado no chão como um cadáver.
Não havia mortos,
Entretanto o balão representava um final.
As brincadeiras iam se indo.

Quando acaba uma brincadeira
É porque já se tem uma nova.
As brincadeiras não acabam,
Elas mudam mais rápido que a vida.

A vida acaba e não é brincadeira.
Mas brincamos com a importância das coisas
Porque não sabemos o que é importante.
Nas brincadeiras o importante é estar feliz,
Na vida o importante é a distância do fim.

Se eu caminho, infalivelmente, em direção ao fim
E eu sorrio, eu choro, eu sinto falta dos meus
E eu falo, eu ando, eu escrevo o que eu penso,
É porque o tempo das coisas parece maior que a vida.
Mais lento, parado; ou veloz e empolgante.

A vida, vida, ela é aí por aí, algo que seguimos
Não a temos, não a sabemos e, quando ela acaba,
Ficamos sem entender porque brincamos tanto
E não sabemos fazer mais nada
além de brincar.

Quem vive

Dentro da cidade
Como num pote de maionese.
Que balança, roda e te arremessa
Contra as laterais de vidro.
Você vê lá fora
Você quer sair
Mas não sai.
Está tampado.

A cidade é o mundo todo
Tudo o que se quer
Nela se faz.
Nela se tem.
A ela se deve.