26 de abr. de 2009

Florêncio de boa

Um lero no banheiro do bolero

- Na boa cara, eu sou hetero.
- Porque você tá falando isso?
- Chega uma hora que fica todo mundo meio louco.
- Você é que tá muito louco.
- Louco nada, cara! Sou gato escaldado.

* * *

- Mmmphsfffeilda Becker! Hahaha.
- ...
- Haheheceilda Becker! Hehehe.
- ...
- Vuoocêê éé uma eischtátua?
- Cara, eu não tô afim de falar com você. Na boa.
- Ááééíínnmmhhmmmmmm.

25 de abr. de 2009

Como matar um ideal

Juntando o que se fala
Quando não estão presentes
Os entes assuntos.

Conversas veladas,
Cochichos, resmungos.

Patifaria, olhares de canto.

Esconder atrás do pilar,
Trocadilhos inteligentes,
Mudanças de assunto.

Saídas estratégicas,
Andares disfarçados.

Fugidas, caras de espanto.

Democracia, amor
E amigos.(envolvidos,
Outros nem tanto).

13 de abr. de 2009

Meditação

Certa vez
Petúnia pegou um pedacinho de pano,
Uma agulha e linha
E costurou desenhando.

Um pequeno desenho.

Depois de um tempo,
Suspirava cada vez que o via.

O desenho a fazia lembrar
Da beleza que foi
Fazê-lo.

Dias não tão pesados

A greve do transporte parou a cidade.
Petúnia não foi trabalhar.
Comprou mandioca
No velhinho da carriola.
A mãe cozinhou
E ela almoçou em casa.
Teve um dia particularmente leve.

8 de abr. de 2009

Abraços e caninos

Vai prum canto
E fica lá.

Pessoas vão.
Servem pra isso.
Pessoas ficam.
Sentem por isso.

Também vão
Os pássaros.
As águas.
As pilhas.
Os lápis.
Tecidos,
Comidas,
Prazeres.

O tempo parece ir.
Será que vai?

A infância acaba
Mas não passa.
Os metais não vão
Mas mudam.

Quando o amor se vai
Eu sou o que fica.

E brinco com algum cachorro.

1 de abr. de 2009

Frisson

Quando acordei
Comecei a cantar.
Não escolhi a música,
Cantei.

O dia passa,
A semana acaba,
A lua muda.
Cantei.

Contato

Seis fatias grossas de muzzarela.
Dois pães.
Uma xícara, sem açúcar.

O café da manhã parece tão bom.

Depois de uma noite especial.
O dia parece não ter fim.

Se eu pudesse, não teria sol nem lua,
Teria nós.
E corpos.